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domingo, 11 de abril de 2010

Excelente artigo

Olá ,

Acabei de ler mais um excelente artigo na Mãe IOL que não posso deixar de partilhar:

O lado mais difícil da maternidade




2009/04/30
Ana Esteves

Quem tem filhos tem cadilhos, diz o povo. Fomos procurá-los. Se espera um olhar politicamente correcto da maternidade, este texto não é para si

Perguntámos a seis mães, de várias idades, com um, dois, três ou quatro filhos, apenas com filhos pequenos ou mães de adolescentes, qual era a maior dificuldade que encontram enquanto mães. É fácil falar do maravilhoso que é ter filhos. Mas, neste dia da Mãe, decidimos prestar-lhes homenagem, mostrando o mais difícil. Deixamos-lhe um Top das dificuldades apontadas pela nossa pequena amostra. Se pensava que o pior eram as noites sem dormir, é porque não tem filhos...



Sentimentos de culpa
Começam logo com o teste positivo: «E aquela cerveja que eu bebi anteontem? Como é que eu fui capaz?» Mas isto é só um cheirinho. Durante a gravidez fazemos um estágio de vários sentimentos, sendo a culpa, claro, um dos mais experimentados. Tal como mais tarde, eu diria, no resto da nossa vida.
A culpa é insidiosa, entranha-se... quase sem darmos conta já estamos novamente possuídas por ela. Faz parte da nossa cultura. E, se reparar bem, ela estará presente em cada uma das dificuldades apontadas pelas mães que deram o seu testemunho.
Patrícia, com uma filha de dois anos, considera que a culpa é um dos piores inimigos da maternidade. «No outro dia, dei por mim a pensar que não me apetecia nada ir buscá-la à escola. Calhou pensar em voz alta e quem estava ao pé de mim disse logo Tadinha da tua filha. Enchi-me de culpa, pois claro!. Não era que que não me apetecesse ir buscá-la nunca mais. Era só, uma vez por outra, poder sair do trabalho calmamente e ir à minha vida, sem ter de pensar em mais ninguém.», confessa.
«Esta coisa de ter que adorar os filhos acima de tudo é uma das coisas que mais me irrita. Claro que eu adoro a minha filha acima de tudo, mas ter de estar sempre apregoar isso aos quatro ventos e nunca poder dizer alto estou farta dela sem ouvir comentários recriminatórios, deixa-me um bocado irritada. Principalmente quando leio extensas e floreadas declarações de amor, um pouco por todo o lado, de mães que só vivem para os filhos e que não se cansam de dizer que a vida delas só tem sentido por causa deles. Eu, apesar de ter uma filha maravilhosa, continuo sem encontrar o sentido da vida e essas conversas deixam-me insegura. Parece que põem em causa o amor que sinto pela minha filha», conclui.

O inferno são os outros
«O que mais me irrita na maternidade são as certezas das mães (incluindo as mães todas da família e alguns pais). As opiniões, a falta de abertura para as opções individuais. Já fui rotulada de ansiosa, fundamentalista, excessivamente informada e de distraída e demasiado liberal. Eu sabia disto antes de ser mãe, o que não sabia era que isso me ia afectar tanto. Afinei várias vezes com comentários destes», conta Joana E., com dois filhos (uma menina de cinco anos e um bebé de quatro meses).
Os outros fazem-nos também ter de lidar com as incontornáveis comparações. E isso pode não ser nada fácil. «Surpreendeu-me o facto de não ser completamente indiferente às comparações de desenvolvimento com filhos de amigos», confessa Joana E. «Com o segundo não, mas com a primeira, o atraso dela (pequeníssimo, ridículo) em algumas coisas fazia-me doer o coração. Aconteceu isso em relação a aspectos físicos, como a altura (ela diminuiu várias vezes de percentil), e de desenvolvimento, (a fala, por exemplo).»
Sara, mãe de duas meninas (seis e três anos) também aponta como um dos maiores espinhos da missão de mãe a obrigatoriedade de lidar com as opiniões alheias: «Uma das primeiras dificuldades com que me deparei foi conciliar o meu instinto com as recomendações médicas - o peso que não aumentava segundo as tabelas confrontado com o meu desejo e confiança instintiva que podia e conseguia alimentar o meu bébé ¿ é o primeiro exemplo de muitos.»
No seu caso, a experiência deu a vitória ao instinto: «Ao fim de muitas cabeçadas na parede, aprendi que a palavra de médico não é lei, que diferentes médicos têm diferentes ideias e que, no meio de tudo, o meu instinto de mãe é o melhor guia para tomar uma decisão.»


Não ter liberdade nem tempo para mim
«Uma mãe nunca mais é livre! E essa sensação de ter ficado presa para sempre, às vezes incomoda...», considera Mariana, mãe de quatro filhos com idades entre os sete e os 15 anos. É das tais coisas que não é politicamente correcto confessar. Mas por aqui, já nos deixámos disso. «Tira-me do sério dar por mim a pensar que se não fossem eles podia fazer muito mais coisas e, a seguir, sentir-me horrível por ter sido capaz de pensar isso», acrescenta.
«A falta de tempo para mim: é muito, muito, muito pior do que eu pensava», declara Patrícia. «Por muitas contas que faça não dá, não existe forma de ter tempo para mim.
De manhã, tomar banho em condições é uma luta. Ultimamente, tenho de pô-la a ver televisão para conseguir tomar um banho a correr. Tomar o pequeno-almoço sentada é coisa que nunca mais aconteceu.», lamenta-se. «Até já li alguns livros desde que ela nasceu (dois ou três, vá). A falta de tempo é nas pequenas coisas, como o banho, comer descansada, ou apenas ficar sem pensar em nada. Sinto sempre esta enorme responsabilidade e é mais difícil descontrair, relaxar. Parece que tenho sempre alguma coisa para fazer, para pensar, para resolver (e tenho)».
Acreditar na vida para além dos filhos, às vezes, é mesmo uma questão de fé. O trabalho pode esperar... e namorar? «Pior do que não ter tempo para mim, é não haver tempo para o casal. Andamos os dois muito cansados e já chegámos ao fim do dia a reparar que ainda não tínhamos dado um único beijo, coisa impensável antes de ela nascer», conta Patrícia.


O cansaço pode fazer-nos ver tudo cinzento
«Se eu tivesse que definir um verdadeiro inimigo da maternidade eu diria o cansaço», afirma Joana C., mãe de um bebé de um ano e cheia de vontade de ter o segundo. «Eu preciso de dormir pelo menos oito ou nove horas por dia, caso contrário fico insuportável. Se nesses momentos não temos ao lado pessoas que teimam em sorrir, o pai, os avós, um colo pronto para ajudar, tudo pode ser mais cinzento, mais difícil. Porque o cansaço, ele sim é que nos pode fazer gritar e por momentos esquecer como é maravilhoso ser mãe», considera.


Educar não é fácil
Por vezes, pomos tudo em causa. Olhamos para o nosso filho no chão a fazer uma birra, ou amuado a um canto, ou insuportavelmente mal-criado e pensamos que estamos a fazer tudo mal (lá vem a culpa outra vez).
«O processo de educar uma criança tem sido um desafio, e por vezes sinto que falho redondamente», reconhece Sara. «Precisei de aprender que a maternidade é feita de vitórias tanto como de fracassos, que nunca se consegue ser uma mãe perfeita. Por vezes temos mesmo de fazer de mau da fita, por muito que nos doa o coração», acrescenta.
Joana partilha desta dificuldade: «Foi muito difícil aceitar que não conseguia lidar com as birras e que perdia facilmente a paciência. Hoje sinto que não tenho capacidade para evitar os amuos e as particularidaes da personalidade da minha filha.»


A angústia da separação
Não é só uma fase do desenvolvimento infantil. Há muitas mães que não conseguem ultrapassá-la. «A primeira vez que fiquei duas noites sozinha longe de casa desde que sou mãe senti uma sensação estranhíssima», recorda Catarina, mãe de três rapazes (com 10, seis e três anos). «À noite, deitada na cama, senti que tinha uma existência individual, que era um ser independente e autónomo. Que eu também existia para além deles... Só durou a primeira noite. Na segunda, chorei que me fartei com saudades deles. Mas eu sou viciada em maternidade, não não sou um exemplo de bom-senso.»

In IOL Mãe: a sua revista online

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